"Higher Than Here" é consciente o tempo todo, mesmo nos momentos mais críticos, em que se vê um "eu" quase em estado total de colapso

Com um disco marcado por um discurso de altos e baixos, o cantor James Morrison nos apresenta o seu novo trabalho, intitulado “Higher Than Here”. Emocionalmente forte, “Higher Than Here” é consciente o tempo todo, mesmo nos momentos mais críticos, onde se vê um “eu” quase em estado total de colapso.  O novo trabalho do Morrison possui 12 faixas na sua edição simples e a seguir você confere uma análise faixa a faixa do álbum.
Primeira faixa do disco, “Demons” apresenta um discurso em busca de sobrevivência extremamente forte e inspirador. A faixa já começa com “I got demons”, o que denuncia a latência de  sentimentos que estão em conflitos com uma realidade não tão agradável assim. 
Em “Demons” encontramos um “eu” que  estabelece diálogos com os seus próprios medos. É um “eu” que quer estabilidade emocional, que não quer ser vencido, que não quer fugir e que está em uma guerra extrema para não entrar em colapso.  
“Demons” pode ser considerada uma das melhores faixas do novo disco do James  e a sua beleza não está somente no seu discurso de insegurança. A sua beleza está na profundidade em que se expõe sentimentos tão difíceis e potencialmente suicidas. 
Há também uma beleza vista por outra perspectiva. “Demons” resgata a nossa própria humanidade para nos recordar que a nossa grandeza está na nossa capacidade de estabelecer mudanças, para melhor. É complicado deixar cair todos esses sentimentos porque muitas vezes, ainda que inconscientemente, tenderemos a entender que esses sentimentos (esses demônios) são a nossa sustentação na vida. Em verdade, eles são os nossos obstáculos. O que nos sustenta é o amor, e a sua ausência não se confunde com ele. Ausência de amor não é amor. Ausência de amor não é sustentação, é uma farsa que tem todo o potencial para nos eliminar por completo. 
Em “Demons” eu destaco os seguintes versos: “I won’t break and I won’t run. This time I won’t be afraid. / I’m only human. Underneath my skin the cuts run deep. I just need a little time to work them out (Sou apenas humano. Por baixo da minha pele os cortes são profundos. Só preciso de um tempinho para lidar com eles)” / Never bow because we’re all kings. We are the rulers of our minds. Yes, we are (Nunca se curve pois todos somos reis. Todos somos os donos de nossas mentes. Sim, nós somos)”
“Stay Like This” mostra um discurso de culpa e um “eu” tentando se recuperar de um relacionamento. Na verdade, vemos um “eu” tentando um novo recomeço, sem desconsiderar as suas falhas do passado e sem recusar a sua parcela de responsabilidade.  Aqui, encontramos algo como: “But this time I’ll do ya proud like the first time, first time. And every step I ever try to take will lead me to your side. I’ll love ya loud though I don’t deserve it, deserve”
“Heaven To A Fool” tenta absorver os resquícios de uma relação que ainda incomoda e confunde. São sentimentos que desnorteiam um “eu” preso em uma escuridão, ainda que seja uma escuridão passageira.
“Right Here” é outra grande surpresa do álbum. Uma canção para viver um amor, para se declarar sem limites, para desenhar uma vida a dois e marcada por aventuras. Escrita no estilo de uma declaração de amor, “Right Here” é uma balada para dias felizes ou no mínimo para ser trilha sonora de uma felicidade plenamente alcançável. Dessa faixa eu posso citar versos como: “I’ll hold you, you can fall on me. I told you that you’re where I want to be” / You might think I’m not what you need but how are you going to know until you try? We could be the king and queen of a place where only our dreams are made. Come on baby take my hand and lets ride until our demons fade away”.
“Reach Out” aborda o amor como uma trajetória. E aqui mais uma vez Morrison conscientiza-nos sobre a importância de não tirar de mente toda a nossa humanidade. O que eu quero dizer é que a vida pode se tornar mais suportável se encararmos os nossos erros e conflitos e pesos como sentimentos naturalmente feitos para nós. 
A beleza de “Reach Out” está na sua tentativa de estabelecer algum tipo de comunicação com o amor. Há uma auto análise tão pacífica dos conflitos que “Reach Out” claramente pode ser vista como uma canção dotada de um forte senso de consciência. 
Ser consciente perante o amor é entendê-lo como uma relação de altos e baixos, mas no fim, uma relação de cumplicidade, de entrega, de trocas, de toque, de movimentos, de um sem limites de sentidos válidos.  O ouvinte de “Reach Out” irá encontrar versos fortes como: “Deep down in our hearts you know that there’s a chance begging you to reach out, reach out”.
“We Can” é a próxima balada romântica apresentada pelo James. Nessa faixa há um discurso claro de aceitação do amor. Aqui, o amor é visto como uma possibilidade, um sentimento alcançável e inspirável. Morrison nos ensina que “Love don’t need permission” e ele encerra nos dando um conselho para a vida: “Open your heart even with all the complications. It’s easy”.
“Too Late For Lullabies” é uma canção para nos fortalecer. Nela encontramos uma mensagem filosófica para viver. Não é uma filosofia cara e incompreensível. “Too Late For Lullabies” faz um balanço poético entre perdas e a necessidade de aprender, e acima de tudo, não desistir de nós mesmos. A força dessa canção está na sua abordagem otimista em torno do amor e outros aspectos da vida.  Apesar de um “eu” visivelmente destruído, com todos os motivos para permanecer desacreditado, inseguro, descrente, encontramos nessa canção uma última aposta. É aqui que eu quero chegar. Apostas são de longe  o que iremos fazer com mais intensidade e repetição ao longo da vida. E continuar fazendo apostas significa que perdemos em determinados momentos. E é aí que “Too Late For Lullabies” entra em cena. Perder tem a sua importância. Perder significa que estamos traçando algum caminho. Significa que estamos nos libertando do medo de sermos ativos em busca de nossos sonhos. Nessa faixa encontramos versos como: “Love takes its toll sometimes. Let’s start a clean slate, mistakes are moments in time” / “You don’t know your strength ‘till you’ve faced defeat. So when everything’s just out of reach keep holding on”.
“Something Right” aborda devaneios de um “eu” em desespero. É que nessa canção encontramos um “eu” que coleciona (apenas) erros ao longo da vida. Mas, no fundo Morrison dá ao seu ouvinte alguma margem de esperança ao relatar um provável acerto na vida. 
“Easy Love” é uma das faixas menos interessante do álbum. É uma música de letra fácil e pouco atraente e que basicamente aborda um discurso de “você é tudo o que eu preciso”.
“I Need You Tonight” é a balada mais pop do disco, que poderia ser uma canção do Daft Punk ou até mesmo do Calvin Harris. Mas, as batidas mais dançantes não tiram a força da letra. Nessa canção Morrison aborda um mix de sentimentos que ele veio até então abordando com coerência ao longo do seu disco: inseguranças, desconforto, medo, solidão, desespero, carência e o mais importante: a vontade incontrolável de amar.
Já em “Just Like A Child” James Morrison retorna o tom romântico do álbum. “Just Like A Child”  mostra um “eu” que quer correr sem limites, um “correr selvagem”, assim como uma criança.  A mensagem principal dessa faixa é que, se cairmos na vida, devemos cair com estilo. 
“Higher Than Here” é a última faixa e que intitula o álbum. É uma faixa para se fazer amor, em busca de contextos, de uma história para contar. Romântica e verdadeira, “Higher Than Here” foi feita para nos tocar, para nós sentirmos ou mesmo idealizar a força do amor. E não só idealizar. Há uma força nessa canção, ainda que implícita, que nos faz querer lutar par alcançar o que queremos alcançar. 
A seguir, separamos cinco faixas que você deveria ouvir do novo disco do James Morrison:
01. Demons
02 Higher Than Here
03 Too Late for Lullabies
04 Stay Like This
05 Right Here

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